Sua ausência

Me falaram que você está indo embora. Para um lugar tão distante quanto o vão que existe entre nós quando estamos cara a cara.

Não, eu não estou louca. Sei que foi você quem me contou. É que eu não te reconheço mais. Quando me falou que estava de partida não consegui compreender. Para mim você se foi há muito tempo.

Eu não sei exatamente quanto tudo isso aconteceu. Acredite. Se eu pudesse, eu teria impedido.

Eu queria muito poder te resgatar. Mas eu também me perdi de mim mesma. No momento em que você se foi. Quando tudo deixou de existir. Quando eu deixei de sentir. Quando eu não pude mais ver. Quando eu me vi sem você. Sozinha. Ainda que você estivesse aqui. Do meu lado, bem longe de mim. 

Um novo adeus

E agora, assim, meio que de repente, você está indo embora. Eu já havia me despedido de você uma vez. No meio do breu daquela madrugada eu olhava no fundo de seus olhos. Tentava te explicar o motivo da partida que nem eu mesma sabia. As lágrimas, que tanto se escondiam (e se escondem) dentro de mim, escapavam. Eu queria ter te dito tanta coisa. Eu queria ter te feito tanta coisa. Eu queria ter sentido tanta coisa. Se eu não gostasse tanto de você, talvez eu tivesse tentado. Não fui capaz. E em meio toda aquela neblina eu parei. Agora, aqui, tento me encontrar. Busco a explicação que eu queria ter te dado há um tempo atrás. Antes de você ter aparecido na minha vida eu era apenas um violão de quatro cordas. Eu era uma linda e rouca voz. Eu era belas palavras; embaralhadas e sem sentido. Você me mostrou tanta coisa. A gente viveu tanta coisa. Não me arrependo de nada. Minha frustração foi não ter conseguido.