Eu pensava
que o problema era somente você, quando na verdade o problema também era eu (ou
apenas eu). Eu, que não conseguia enxergar o que estava na minha cara. Agora eu
acho graça. Graça da desgraça que tornei a minha vida por não ter querido
enxergar o que eu não preciso nem abrir os olhos para ver. Basta sentir.
O pranto
que me invadiu e me derrotou foi o mesmo que tomou conta de mim e me libertou.
Me livrou dessa tormenta. E agora você transborda para fora de mim e desce pelo
ralo abaixo.
Hoje, eu me
sinto livre. Meu corpo, antes pesado, flutua, sereno.
Hoje, o sol
nasceu especialmente pra mim. Eu, sem perceber, abri os olhos e sorri para a
luz que entrava sorrateira por baixo da cortina. Me espreguicei, sem preguiça
de levantar da cama. Sem medo de abrir os olhos e encarar a vida e os fatos.
Saltetando pelo quarto. Sem motivos específicos para sorrir. Sem motivos para
chorar. Celebrando a minha vida e os meus recomeços. Agradecendo pelos tropeços
que me fizeram ser quem sou nessa manhã.